Maria na encarnação - Carta de Madre Clélia
Vejam o que Madre Clélia pensava de Maria.
Queridas
filhas em Jesus Cristo
(…) Eis que um mensageiro desce das regiões celestes,
totalmente envolvidas por uma luz divina: é o Anjo Gabriel que vem enunciar o
grande acontecimento. (…) dirige-se a uma cidadezinha da Galileia, Nazaré, e
entra numa casa pobre onde nada existe do que o mundo preza. Essa casa, porém,
encerra o maior Tesouro de Deus: ali mora Maria (...).
Unamo-nos ao Mensageiro celeste e regozijemo-nos de coração
com nossa Mãe Santíssima, pelos grandes tesouros espirituais com que foi
enriquecida na mente, no coração, nos sentimentos e nas obras. Roguemos-lhe que
se compadeça de nossas misérias e nos torne participantes daquela graça com que
foi plenificada. De sua plenitude esperamos todos, o remédio para nossa pobreza
espiritual.
Mas, como acolheu Maria a presença e a saudação do anjo? –
Com uma santa perturbação. (…) O Anjo percebeu a perturbação de Maria,
tranquiliza-a explicando-lhe o mistério: “Não
temas, Maria, pois achaste graça junto de Deus. Eis que conceberás e darás à
luz um filho e o chamarás com o nome de Jesus. Ele será chamado Filho e o
chamarás com o nome de Jesus...”. Maria compreende que se trata do Messias
esperado (…). Compreende ao mesmo tempo, a honra daquela que seria destinada a
ser sua Mãe e a felicidade dela em cooperar tão intimamente na obra da redenção
do mundo; mas nem por isso se gloria, nem obedece irrefletidamente, seguindo
apenas o impulso do coração. Antes de manifestar seu consentimento, quer uma
explicação que a tranquilize (…).
Qual é a decisão de Maria? Depois de ter correspondido a
todas as graças com que Deus a preparava para o grande mistério, quem poderia
duvidar de sua correspondência também a esta? “Eis a serva do Senhor, responde, faça-se em mim segundo a tua palavra.” Expressões que manifestam
sua perfeita santidade. Toda a santidade de uma pessoa consiste em não ter ela
vontade própria, mas só o desejo de fazer e de sofrer o que agrada ao Senhor; e
esta é a disposição do espírito de Maria; não se vangloriou pensando na dignidade
e na felicidade de Mãe de Deus, nem se atemorizou diante dos sacrifícios que a
aguardavam e que a tornariam Mãe das Dores e Rainha dos Mártires, antes que Mãe
das Consolações e Rainha do Céu. Numa perfeita tranquilidade de espírito,
abandona-se em tudo às disposições de Deus. Que contraste entre a atitude de
Maria a que assumiu Eva no paraíso terrestre!… Eva passeia pelo Éden, onde se
nutre de delícias; Maria encerra-se no seu quarto e reza. Eva vibra com as
palavras enganadoras da serpente que a seduz; Maria perturba-se e treme diante
das palavras de louvor proferidas pelo Anjo. Eva acredita irrefletidamente na
mentira e adere às propostas contrárias às ordens de Deus; Maria, antes de
aceitar as propostas do Anjo, pede esclarecimentos, para salvaguardar a sua
virtude e, finalmente, entrega-se à vontade divina. E o resultado? … Eva cai
miseravelmente e perde sua dignidade; Maria, ao contrário, foi elevada à mais
sublime grandeza.
Aprendamos qual deve ser nosso modo de proceder, se
quisermos evitar a sorte de Eva e participar da felicidade de Maria.
(Cartas, vol. 2, pp. 47-51)
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