Ressurreição: confiança
A “confiança” é uma palavra humilde, simples, natural, mas é
ao mesmo tempo uma das mais essenciais para viver. Sem confiança não há amor,
não há fé, não há vida. Sem confiança “caminhamos sozinhos, isolados em uma
espécie de “túnel” construído com nossos problemas e nossas preocupações (O
Clément).
Às vezes, se esquece que a Páscoa é, acima de tudo, a festa
da confiança. Agora sabemos nas mãos de quem estamos. Nossa vida, criada por
Deus com amor infinito, não se perde na morte. Estamos todos englobados no
mistério da ressurreição de Cristo. Não há ninguém que não esteja incluído
nesse destino de vida plena.
No fundo, todos os nossos medos e ansiedades brotam da
angústia diante da morte. Temos medo da dor, da velhice, do infortúnio, da
incerteza, da solidão. Não há ninguém que não esteja incluído nesse destino
final de vida plena.
A festa da Páscoa nos convida a substituir a angústia da
morte pela certeza da ressurreição. Se Cristo ressuscitou, a morte não tem a
última palavra. Podemos viver com confiança. Podemos esperar para além da
morte. Podemos avançar sem cair na tristeza da velhice, sem nos afundarmos na
solidão e no pessimismo, sem nos agarrarmos ao consumismo. À droga, ao erotismo
e a tantas formas de esquecimento e evasão.
Viver a partir desta confiança não é deixar de ser lúcidos.
Sentimos em nossa própria carne a fragilidade, o sofrimento e a doença. A morte
parece ameaçar-nos por todos os lados. A fome e o horror da guerra destroem
populações inteiras. Continuam existindo a tortura, o extermínio e a crueldade.
A confiança na vitória final da vida não nos torna insensíveis. Pelo contrário,
isso nos faz sofrer e partilhar com mais profundidade as desgraças e
sofrimentos das pessoas.
Nós carregamos em nossos corações a alegria da ressurreição,
mas, por isso precisamente, enfrentamos toda a insensatez que arranca das
pessoas a dignidade, a alegria e a vida.
José Antonio Pagola
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